Numa situação adversa, como uma mãe escolhe a qual de seus filhos deve alimentar no dia? Essa difícil escolha tem sido tomada diariamente pela empresária Lúcia (nome fictício), na luta para conseguir manter o abrigo de cães pelo qual é responsável há cerca de 10 anos. Com a falência de sua empresa e a dificuldade batendo à porta, a manutenção adequada dos quase 500 animais passou a ser impossível. Agora, ela conta com qualquer ajuda, inclusive para evitar que os cães continuem a morrer de fome.
Por respeito a essas vidas, um grupo de cerca de 30 voluntários saiu da cama bem cedo na manhã de domingo (17) para tratar dos animais em situação de risco, abrigados em uma chácara nos arredores de Piracicaba. A atitude integrou a campanha Ração do Coração, desenvolvida pela SPPA (Sociedade Piracicabana de Proteção aos Animais), para ajudar esse local especificamente.
Na cidade, existem hoje 10 abrigos de grande porte, que individualmente atuam no auxílio a cerca de 200 cães e gatos, na tentativa de reduzir a demanda de abandono nas ruas, que em Piracicaba chega a 14 mil animais. A informação é da pressidente da SPPA, Cristina Arzolla.
Para ela, movimentos sociais como o de domingo, são importantes para alertar e despertar na população o interesse em fazer parte da causa em defesa dos animais, "já que o poder público não mantém políticas de auxílio nesse sentido".
MUTIRÃO.
A Gazeta acompanhou o trabalho dos voluntários. Divididos em quatro grupos, entre eles, médicos veterinários, essas pessoas passaram a atender os cães, priorizando os mais enfraquecidos por falta de cuidados médicos e de alimentação.
Desolada pela situação, Lúcia contou que chegou a ter 800 cães em sua chácara, levados até lá depois de serem abandonados na porta de sua casa ou de sua empresa. "Tentei de tudo e não encontrei quem quisesse adotá-los, porque as pessoas querem animais bonitos e fortes, que não precisem de cuidados especiais", desabafou.
Ela contou que mesmo com as dificuldades, continuava alimentando os animais da forma que podia, mas desesperou-se quando percebeu que seu esforço já não era suficiente. "Cheguei a tratá-los com a melhor ração do mercado, tinha médicos aqui que cuidavam deles, mas a situação mudou e aos poucos tive que diminuir a qualidade da ração e a quantidade, até que estava pedindo pão nas padarias para conseguir alimentá-los."
Na chácara, os cães são separados por grupos e mantidos em grandes baias, com área fechada e aberta para sol. Os mais saudáveis e fortes, ficam soltos pelo recinto. Por falta de alimentação, a maioria dos bichos está bastante magra, com ossos aparentes sob a pele. A passividade deles, por conta da fraqueza, provoca "nó" na garganta e uma sensação de inconformidade.
Em alguns momentos, o visual dos bichos pode ser comparado ao dos seres humanos mantidos em campos de concentração nazistas, guardadas as devidas proporções.
AJUDA.
O mutirão de voluntariado vem se movimentando há um mês para tentar uma alternativa. Os voluntários conseguiram juntar 100 sacos de 25 quilos cada (2,5 mil quilos, no total) para alimentar os cães por algum tempo. Diariamente, são necessários 200 quilos de alimento para todos.
Em todos os cães, os veterinários aplicaram antibiótico, para curar as feridas provocadas pelas coceiras em decorrência da alta incidência de sarna, vermífugo e antinflamatório. "A maioria é caso de desnutrição, há alguns com pneumonia, muitos estão com a pele irritada, visível pela espessura da pele por causa dos vermes", avaliou o médico veterinário Luiz Gustavo Gouveia Laureano, um dos voluntários.
A universitária Gabriela Amalfi, 22 anos, ficou sabendo por amigos sobre o mutirão e resolveu dar sua contribuição. Ao chegar à chácara, ela abriu um saco de ração e foi distribuindo para os cães, emocionando-se com a voracidade com que procuravam se alimentar, dada a fome, porém sem brigas. "Fiquei chocada, acho uma situação muito forte, muito triste, sinto vontade de juntar mais pessoas para fazer mais coisas por eles", comentou.
"Estou menos triste agora, mais aliviada. Essa é minha sensação. A dificuldade existe, mas em momento algum pensei em abandoná-los. São seres vivos e merecem amor", falou a proprietária do abrigo.
Cristina Arzolla destacou a importância dos abrigos como forma de manter a vida desses animais.
"A lei 12.916 estabelece que animais saudáveis nas ruas não podem mais ser recolhidos e sacrificados. Antes, as pessoas recolhiam e cuidavam para evitar que fossem mortos e agora, como não serão sacrificados, as pessoas não os recolhem mais. Por isso os abrigos são fundamentais para mantê-los", disse.
Ela salientou a necessidade da sociedade olhar para esta causa e ajudar com ração, medicamento, adotando os animais e levando-os para casa ou mesmo adotando-os com a responsabilidade pelos cuidados, enquanto são mantidos nos abrigos.
SERVIÇO
Campanha Ração do Coração
Interessados em contribuir para a campanha Ração do Coração, podem entrar em contato com a SPPA, que atende às terças e quintas-feiras à tarde, no 6º andar do Edifício Kennedy, à praça José Bonifácio, 799.
O telefone da entidade é (19) 3432-2267 ou (19) 9275-1040. E-mail: contato@sppapira.org.br .
Fonte: Gazeta de Piracicaba de 19/05/09
Data: 26/5/2009 01:00:00
Pessoal, me dê idéias em como ajudar esses focinhos......Piracicaba é apenas 30 km de onde moro. Tô aqui, me acabando de chorar! E nem sei por onde eu começo!
Affff.....por que eu não ganhei sem jogar na mega????
7 comentários:
Amiga, eu acho muito válido pessoas com muito amor colocarem seu ponto de vista, mostrarem a realidade, deste mundo, mesmo que seja sobre outros seres: cachorros e gatos. E... hoje tem até animais silvestres que são largados. Eu vi que até ursos! felinos de grande porte! pura vaidade de quem os pegou...
Beijos
O problema está crescendo cada vez mais. A crise financeira só piora tudo. A empresária desse abrigo é um exemplo disso. O pior é que para esses animais não basta a ajuda emergencial (quelogicamente é necessária e importante), mas tem que haver uma solução definitiva. A impotência diante de situações assim me angustia. Bjs
Andreia,
nossa...nem sei o que dizer...Você tem como entrar em contato com ela? Primeiro pra pensar em como seria a melhor forma de ajudar: dinheiro ou doação de alimentos? Com essas informações, podíamos pensar em passar a sacolinha entre as blogueiras...o que acha? Sei que tá todo mundo mal das pernas, mas um pouquinho de cada um...se eu morasse perto, levaria sacos de ração...fiquei triste.
que dozinha né amiga.
um fds abençoado pra vc
bjs
Puxa, só agora tive coragem de dar um olhada nesse post. Se precisar de ajuda, conte comigo!
Bjos!
vi na tv...foi de chorar...
Oi, eu moro em Piracicaba...li que a Andréia e a Nice queriam saber como ajudar ^^ Se alguém quiser, manda um email pra mim pq eu conheço uma moça que faz parte desse projeto aí.
meu email é mima085@hotmail.com
agradeço =)
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